A obra pode ser considerada relevante para estudiosos e pesquisadores da vida de uma figura que erigiu a filosofia e suas disciplinas sociais. Primeiro pelo fator curiosidade sobre o ponto de vista citado antes, repito, saber como foram cultivados os valores da doutrina socrática ou ainda como essa figura possa ter vivido e praticado seu método. Segundo pelos valores em si mesmos, se comprovadamente se mostram verdadeiras virtudes, algo que requer um estudo analítico e histórico um tanto mais profundo do que apenas uma crítica sobre uma obra que trata dessa questão. No entanto, Boutroux, sim, nos oferece com seu ótimo ensaio uma boa apresentação, um começo para quem deseja uma introdução e posteriores avanços.
O protagonismo de Sócrates, propagado principalmente a partir de seu discípulo Platão, enquanto figura moralista e heroica – moralista no sentido original da palavra, não empregado de forma pejorativa, já que hoje em dia até o significado das palavras têm se perdido – se tornou herança imortal dos povos enquanto tradição e simbolismo puro a ponto de valer tantos esforços a fim de compreendê-lo por completo.
O primeiro capítulo da dúvida foi aberto em “O fundador da ciência moral”, quando a perspectiva inicial passa a ser o questionamento da repetitiva descrição dos historiadores sobre o legado deixado por Sócrates. O que se diz é sempre o mesmo diz o historiador francês. Perspectivas que geralmente partem das descrições deixadas pelos olhares de dois dos seus discípulos mais proeminentes, Platão e Xenofonte, o primeiro filósofo e o outro historiador. Mas é o Homem Sócrates aquilo que intriga Boutroux e a todos nós.
0 Comentários
Deixe seu comentário, crítica ou sugestão de conteúdo