Crônica: Uma nova era para os antiquados


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Mudanças na forma corriqueira com a qual lidamos com as coisas vão sempre gerar medo e desconfiança, e o medo coletivo é maior e mais preocupante do que aquele medo individualizado. Claro, ele representa um perigo e uma insatisfação muito maior. 

Deve-se a instabilidade do mundo em parte a esta ideia arcaica de medo e ao conjunto primitivo das emoções humanas, que apesar de se blindar numa aparente segurança trazida pela modernidade, o novo gera uma precaução. O fato mesmo de a humanidade usufruir de tanto conforto é a característica principal que torna o mundo ainda sensível às mudanças, daí que as inovações se desdobram em transformações irritantes. O único exceto é quando a desgraça recai sobre nós, não deixando escolhas ao próximo movimento.

O medo do que poderá ser, nunca nos tornou obsoletos? Nós sempre seguimos o curso da adaptação: é a nossa maior força.

A espécie humana tende sempre ao seu pessimismo usual, quando o assunto é mudança. O que significa que sempre calcula-se o lado ruim dos acontecimentos. Percebê-los da pior forma possível é o ideal; se isso não for objeto cauteloso da nossa inteligência, será a maior das ignorâncias praticadas pelo instinto.

É por obra da natureza ou da desconfiança dela que nos distanciamos daquilo que sentimos medo, precavidos. Não à toa o incompreendido é tratado mal e com indiferença; por Deus, às vezes até mesmo com violência. Olha-se com estranheza para aquilo que ainda não se pode mensurar [fato que torna a ciência sem limites, muito perigosa], mal que poderia ser útil de toda forma ao que a  humanidade desconhece, mas desconfia. Assim tantas coisas se tornam mal resolvidas; um escândalo para uma sociedade antiquada, indiferente às transformações que ocorrem em seu próprio corpo.

Isaac Asimov, escritor que dedicou parte da sua obra ao esclarecimento das pessoas de sua época, que não compreendiam as rápidas mudanças que ocorriam no mundo em que viviam, seja por falta de informação, interesse coletivo ou por pura indolência mesmo. Mudanças essas de forte teor tecnológico, o que gerava temor e preocupação em todos. Foi dele o cunho do termo "robótica" e a popularização das reflexões sobre as relações entre os seres humanos e as máquinas, num futuro não muito distante de nós agora. 

Se estamos esclarecidos ou não, o suficiente ao menos, para responder a pergunta: qual a diferença entre os seres humanos e as máquinas que criamos?"; dirá se a espécie já está obsoleta. Somos os criadores do progresso; porque parimos transformações diárias. Somos uma espécie inquieta, mas antiquada. Isso é o resultado de uma inteligência em nós que respira de forma livre e inacabada.



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