Partindo da visão dos governantes, ele aponta para moléstia do
Estado causada pelos vícios, paixões e interesses pessoais do homem, que
tornavam imperfeitas algumas das formas de governo presentes nas cidades gregas,
sendo estas: timocracia, oligarquia, democracia e tirania. Na timocracia
(caso de Esparta), o Estado adoeceria por conta da paixão cega por honra e
glória por parte do governante; na oligarquia o problema seria o apego a
riqueza, na democracia o excesso de liberdade, e na tirania a violência.
Agora, como poderia a democracia ser considerada uma má
forma de governo? Diferente da época de Platão em que se tinha uma visão
pessimista, onde a democracia seria o poder exercido diretamente
pelo povo, algo que comprometeria a ordem social, hoje em dia, contudo, tem-se
a democracia como a melhor forma de governo, porque ela garante um governo representativo
para o povo que escolhe livremente seus governantes. Além deste formato ser uma
garantia de direitos e liberdades individuais, como o sufrágio universal, que é
o direito ao voto que todos podem exercer numa eleição livre.
Mas será isso mesmo? A democracia está livre desta corrupção
exposta por Platão? Lembrando que a análise dele parte da condição do
governante, ou seja, independente da forma de governo estabelecida em cada época,
se os homens forem corruptos, todo o sistema será corrompido e ineficiente.
Quem garante que nas democracias modernas, políticos não estão apenas defendendo seus próprios interesses e dos partidos, agindo como pequenas e coesas oligarquias? Quem lembra do povo? A corrupção é a regra geral ao que parece, analisando empiricamente os resultados das democracias existentes, sobretudo no Brasil. Entretanto, pode-se conceber a ideia de uma "democracia ideal" como fez o grego, começaríamos educando as pessoas, não falo de informação, todos já estão fartos de informação; é necessário educar, tornar as pessoas esclarecidas, conscientes e comprometidas com a liberdade e ainda assim, rezar para aqueles que dentre nós porventura cheguem ao poder representativo não tenham se corrompido no caminho e, por conseguinte, não comprometa o sistema inteiro.
Ainda sobre essa visão pessimista do filósofo sobre a democracia, temos que o excesso de liberdade apontado por ele, o que gera anarquia dentro do Estado, pode ser contrabalançado, exaltando os deveres inerentes a todo cidadão, pois a nossa liberdade termina onde começa a do outro. De toda forma, isso também diz muito sobre a qualidade de uma democracia, já que é a partir dessa condição que se pode analisar o grau de liberdade presente na sociedade. Fazendo valer a máxima: tudo posso, mas o que convém ao homem? A liberdade tem sempre um preço; e a democracia é um debate constante sobre ela.
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