Um homem sem medo é coisa rara; pois é da natureza humana o sentir. Coisa difícil mesmo é a coragem de atuar sobre o medo. A coragem elevada ao status de virtude, pode ser considerada uma força sobre-humana, por esse motivo ela representa para uns, um fardo; ou até um alvo inatingível de certo modo, enquanto para outros se torna um alívio.
A coragem estaria mais propensa àquilo que temos por virtude, apesar de se ter como consequência desta condição, a depender de cada caso, alguma espécie de sentimento proveniente dela. Stanley Kubrick, quando narra em um de seus filmes sobre esse contexto, diz: “os homens sem medo são homens indestrutíveis" (Nota *O filme é Full Metal Jacket). Quem sabe essa tal coragem exercida como um ato heroico só existe na ficção, nos filmes de Hollywood.
Certas vezes será necessário um pouco de heroísmo ensaiado e depois representado em ação, como nos filmes hollywoodianos. Um heroísmo bom e barato! Como se a vida fosse algum tipo de script, não as sucessivas e intensas investidas de uma realidade brutal contra nós.
O homem luta por sobrevivência numa batalha onde ele sabe que vai morrer, mas nem por isso se entrega. Na verdade, poucos pensam sobre a morte. No fundo, ninguém vai realmente perder algo, mas o gosto é mais ou menos este. Fingir é melhor; fingir não ter medo e avançar atropelando o próprio medo talvez seja o que chamam de coragem. O heroísmo, afinal, não passa da interpretação de um papel no grande teatro de operações da vida?
Figuramos um filme sem final feliz, porque herdamos um mundo confuso, cansado de lutar e exaurido em vários sentidos. Todo ser humano é um herói da sua própria história, tendo direito de lutar por ela e direito de perder algumas batalhas. Você é a resistência dessa espécie que teima em se perpetuar geração após outra. Perde-se a batalha, mas a luta nunca para.
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