Antropologia e Nacionalidade



Ciência e Antropologia


É perceptível a necessidade de preservação cultural da identidade dos chamados "povos originários", através das atividades próprias da "Antropologia", seja enquanto disciplina consolidada das ciências sociais ou como ciência independente. 

Essa preocupação (de preservação da cultura) torna o trabalho do antropólogo, de certo modo, uma espécie de ativismo, se este não fosse um cientista social. Condição de trabalho que pressupõe uma neutralidade e objetividade deste observador das causas sociais. Sobretudo, na pesquisa onde orienta-se quanto ao rigor no levantamento de informações cruciais para compreensão dos povos numa análise científica. Levantamentos das características gerais de determina cultura, como: costumes, história e a realidade atual enfrentada por indivíduos de um determinado grupo étnico. 

O antropólogo seria ainda aquele com a capacidade de pleitear junto ao Estado e a sociedade, as condições efetivas para preservação da cultura, história e a vida desses povos. Justificando e legitimando a reivindicação dos seus direitos, como a demarcação de suas terras e/ou o reconhecimento de seus espaços e identidade; além de fornecer os meios mais efetivos que garantam a subsistência. No entanto, há limites no que concerne a essa independência, como veremos a seguir.



Preservação e Desvio de cultura


Até onde se pode ir com o argumento de preservação do tradicional? Já que uma exaltada independência de diversas culturas espalhadas por um território, podem trazer isolamentos crônicos, representando rupturas sem volta. Com cada grupo enfiado em sua própria singularidade, reforçando sua identidade local, mas rejeitando um sentimento presente numa ordenação maior de um Estado nacional por exemplo. 

Nenhum sentimento, caso aqui do pertencimento, sobrepõe o outro, mas cada estado de humor deve ser visto com cautela e preocupação. Não poderia nem deveria ser assim. Duas realidades distintas podem coexistir e afirmarem-se uma na outra. A composição e coesão étnica de um território é na verdade aquilo que enriquece em diversidade humana as culturas espalhadas pelo mundo afora. 

Esse é sim um ponto de análise, quanto a esse possível “erro antropológico”, quando se incita culturas espalhadas por um território ao isolamento como salvação de suas culturas, dividindo um outro contexto cultural construído e assumido historicamente. Consequências históricas, que tão somente foram capazes de unificar um território e dar as pessoas um sentido de nacionalidade a qual pertencem os diferentes povos convivendo naquele território, em toda sua diversidade.

Todo esse contexto talvez seja o motivo da existência de queixas e até desconfiança quanto ao trabalho do cientistas social, que segundo argumentos, possivelmente estariam "usando esses povos como massas de manobra" sobre o pretexto de proteção, quando na verdade seguem um viés meramente político e de interesses partidários e ideológicos. 

Que não haja nunca esse intento enviesado dos que almejam se debruçarem sobre as culturas humanas a fim de enriquecer o compartilhamento das vivências , ou que o antropólogo tão absorto no dia a dia do trabalho não possa observar a realidade ofuscada por este prisma tão obscuro do interesse próprio. O objetivo deste texto seria, portanto, se não outro, causar uma reflexão sobre esse tema tão delicado e ignorado.



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